Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

P-042

TÍTULO: ANÁLISE AUDITIVA DE TRABALHADORES EXPOSTOS A RUÍDOS DE CINCO RAMOS INDUSTRIAIS DISTINTOS

AUTOR(ES): ALEXANDRE SCALLI MATHIAS DUARTE , ALEXANDRE CAIXETA GUIMARÃES, EDER BARBOSA MURANAKA, MARCELO HAMILTON SAMPAIO, EVERARDO ANDRADE DA COSTA

INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS (UNICAMP)

INTRODUÇÃO: O ruído é considerado a terceira maior causa de poluição ambiental e pode ser visto como um risco de agravo à saúde. Torna-se mais danoso quando se trata de ruído no ambiente de trabalho, pela sua intensidade, tempo de exposição e outros fatores de risco. Quando é intenso e a exposição a ele é continuada, ocorrem alterações estruturais na orelha interna, que determinam a ocorrência da PAIR (perda auditiva induzida pelo ruído). Sabe-se que as características físicas do ruído (tipo, espectro e nível de pressão sonora), o tempo de exposição e a suscetibilidade individual, influenciam no risco de alterações audiológicas. Considerando a importância do problema, a existência de maneiras de detecção precoce e a pequena quantidade de estudos comparando a influencia do ruído nos diferentes setores de atuação de empresas este estudo foi realizado.

METODOLOGIA: Trata-se de um estudo de coorte histórica com corte transversal. Foram incluídas todas as audiometrias realizadas pelo SESMT no período de janeiro de 2000 a janeiro de 2010 de sete empresas do estado de São Paulo, dividas em cinco setores de atuação: uma metalúrgica, uma calçadista, uma cervejeira, duas cerâmicas e duas transportadoras de carga. Foram excluídas audiometrias em que o tempo de repouso auditivo prévio foi menor que 14 horas, aquelas em que a média dos limiares de 500, 1000 e 2000 Hz foi maior que 25 dB para qualquer orelha, as dos trabalhadores não expostos a ruído ou com exposição menor do que 36 meses. Restaram 1193 exames de trabalhadores expostos a ruído que foram divididos em 4 grupos por tempos de exposição. Foi feita a comparação para cada orelha entre as médias das frequências de 3,4 e 6 kHz dos quatro grupos por setor de atuação e comparadas as médias para cada grupo de exposição entre os cinco setores de atuação.

RESULTADOS: Na comparação das médias audiométricas por grupos entre os diferentes ramos de atividade constatou-se uma diferença estatisticamente significante (p<0,01) nos grupos dois grupos menos expostos em ambas as orelhas. Ao avaliar as médias audiométricas das frequências 3, 4 e 6 kHz na comparação global entre os quatro grupos de exposição verificou-se uma piora progressiva conforme maior o tempo de exposição para todos os setores de atuação (p<0,01).

CONCLUSÃO: A análise das médias audiométricas das frequências 3, 4 e 6 kHz entre diferentes categorias de trabalhadores, mostrou que, apesar da adoção de medidas do PCA, houve uma diferença significativa entre as médias, entre essas categorias, durante os primeiros 13 anos de exposição. Em todos os ramos foi observada uma piora das médias com o aumento do tempo de exposição, entretanto outros fatores além da exposição ao ruído devem ser considerados, como o aumento da média de idade no grupo mais exposto e outras possíveis concausas. Mais estudos são necessários para elucidar estas questões.

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