Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-036

TÍTULO: AMAUROSE RELACIONADA A ABSCESSO ORBITÁRIO SECUNDÁRIO À PANSSINUSITE

AUTOR(ES): HENRIQUE WENDLING SAVA , LUIZ CARLOS SAVA, CARLOS ROBERTO BALLIN, CARLOS AUGUSTO SEIJI MAEDA, KARYN REGINA JORDÃO KOLADICZ, GUILHERME EDUARDO WAMBIER, MARTA LISIE KLEIN, MARIANA ISIS WANCZINSKI

INSTITUIÇÃO: HOSPITAL SANTA CRUZ

INTRODUÇÃO

A infecção bacteriana dos seios paranasais é uma das condições mais freqüentes tanto na população adulta quanto nas crianças. A rinossinusite quase sempre secundária a uma infecção viral de vias aéreas superiores, costuma manifestar-se com rinorréia, obstrução nasal, cefaléia e febre, entre outros sinais e sintomas1. A maioria dos casos resolve completamente com a terapia antimicrobiana adequada2. Complicações são causadas pela progressão da infecção para estruturas adjacentes como a órbita e o cérebro. O seio etmoidal é o mais relacionado à infecção orbitária, porque este seio é separado da órbita pela fina lâmina papirácea3.

Este trabalho tem por objetivo demonstrar um caso de complicação de uma infecção bacteriana em função dessa proximidade com a órbita, que apesar de infreqüente é muito grave.

RELATO DO CASO

Paciente masculino, 13 anos, procurou atendimento por piora importante de rinossinusite, com hiperemia e edema de pálpebra esquerda, febre, sonolência e perda de visão no olho esquerdo, com três dias de evolução, em antibioticoterapia via oral. Diagnóstico de abscesso periorbitário, iniciado antibioticoterapia endovenosa com ceftriaxona 1g e clindamicina 600mg, associada à hidrocortisona 500mg e analgesia. TAC órbitas evidenciou pansinusite e abscesso orbitário a esquerda. Foi realizada descompressão de órbita de emergência, por incisão de Lynch modificado e incisão ao nível da sutura fronto-zigomática do bordo orbitário, com drenagem abundante de secreção purulenta fétida. Etmoidectomia via transnasal, antrostomia maxilar e aspiração de pus. Posicionado dois drenos de Penrose, sendo um medial e alojado na cavidade intra-orbitária esquerda, e outro lateral.

Pós-operatório em CTI, paciente estável em antibioticoterapia e corticoterapia mantinha drenagem purulenta pelo dreno. No pós operatório evoluiu com amaurose, proptose , drenagem de pus achocolatado pelos drenos medial e lateral, discreta palidez de nervo óptico e pupila não reagente. Início de dexafenicol colírio e tobrex colírio Apresentou melhora gradativa do quadro inflamatório recebendo alta hospitalar no 15º dia de internamento. Acompanhamento ambulatorial com otorrinolaringologia, oftalmologia e infectologia.

DISCUSSÃO

Em 1948 Smith e Spencer apresentaram uma classificação para as complicações orbitárias das rinossinusites. Chandler et al., em 1970, modificaram esta classificação e desde então, esta tem sido utilizada internacionalmente1,4-5. Categoria I: edema inflamatório das pálpebras. Categoria II: edema inflamatório difuso da órbita onde pode haver proptose e limitação da mobilidade extraocular. Categoria III: celulite orbital com abscesso subperiosteal, limitação da mobilidade extraocular e grave proptose com ou sem alteração da acuidade visual. Categoria IV: abscesso orbital, grave proptose, oftalmoplegia completa e rápida perda visual. Categoria V: Trombose do seio cavernoso, flebite orbital, doença bilateral.

O diagnóstico das complicações das rinossinusites é feito pela história clínica e exame físico. Constituem sinais de alerta: edema e eritema de pálpebras, proptose, limitação da mobilidade ocular e alteração da acuidade visual (todos presentes no caso apresentando). Nestes pacientes deve ser realizada a internação para tratamento adequado e classificação das complicações. A Tomografia Axial e Coronal Computadorizada de seios da face e órbita é o exame ideal para diagnóstico e classificação6.

O tratamento preconizado é antibiótico intravenoso por 24-48 horas e observação clínica. Se não houver melhora clínica, deve ser considerada a repetição da Tomografia e/ou drenagem cirúrgica3. A drenagem cirúrgica imediata está indicada se o paciente apresentar oftalmoplegia completa e/ou significativa perda visual ou abscesso volumoso bem definido3.

COMENTÁRIOS FINAIS

Apesar de infreqüentes, as complicações orbitárias das rinossinusites são graves. Portanto, os médicos precisam valorizar sempre as queixas orbitárias e os sinais de alerta.  Na vigência de suspeita de complicação orbitária está indicada a investigação urgente com tomografia computadorizada de órbitas visando à adoção de conduta terapêutica precoce. O paciente deve ser assistido por equipe multidisciplinar e deve estar ciente da gravidade do caso e das possíveis seqüelas.

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