Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010
RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)
P-032
TÍTULO: ALÇA VASCULAR NO INTERIOR DO CONDUTO AUDITIVO INTERNO COMO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE HIPOACUSIA SENSORIONEURAL E ZUMBIDO UNILATERAIS: REVISÃO DE LITERATURA E RELATO DE TRÊS CASOS.
AUTOR(ES): PRISCILA SEQUEIRA DIAS , FELIPE DE OLIVEIRA FIGUEIREDO, MÔNICA MAJESKI DOS SANTOS MACHADO, FERNANDO SÉRGIO DE MELLO PORTINHO
INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Introdução
Hipoacusia sensorioneural e zumbido apresentam diversas etiologias possíveis: schwannoma, hemangioma, tumor glômico. Muitas vezes podemos observar em um exame de imagem a presença de um vaso, na maioria das vezes a artéria cerebelar ântero-inferior (AICA), insinuando-se no conduto auditivo interno (CAI) e entrando em contato com o nervo vestibulococlear. Há muitos anos questiona-se se essa variação anatômica pode ser realmente vista como causa dos sintomas acima citados.
Objetivo
O presente trabalho tem como objetivo discutir se a alça vascular deve ser considerada um diagnóstico diferencial entre as causas de perda auditiva sensorioneural e tinnitus. São relatados 3 casos de pacientes com este quadro clinico onde a presença de alça vascular foi a única alteração encontrada que o justificasse. Realizamos ainda uma revisão de literatura acerca do tema, analisando a experiência mundial em relação a este diagnóstico.
Metodologia
São relatados os casos de 3 pacientes entre 44-70 anos, sendo 2 homens e 1 mulher. Todos queixavam-se de zumbido unilateral, sendo um deles com constantes variações em seu pitch, apresentando significativa assimetria interaural na condução sonora pela via óssea. Além da audiometria tonal e vocal com imitanciometria, foram solicitados ainda exames laboratoriais, Vectoeletronistagmografia, Potenciais Evocados Auditivos do Tronco Encefálico (PEATE), Tomografia Computadorizada (TC) de Mastóides e Ressonância Nuclear Magnética (RNM) de ângulo ponto cerebelar para a investigação do quadro.
Resultados
Todos os pacientes relatados exibiam à RNM alças vasculares tipos II ou III da classificação de Chavda insinuando-se para o interior do CAI, ipsilateralmente às queixas. Adicionalmente, evidenciou-se ao PEATE latência absoluta de onda V apresentando diferença interaural aumentada, variando de 0,8ms a 1,16ms. Os demais exames encontravam-se normais.
Após análise das diversas opções cirúrgicas, e de suas respectivas faltas de evidências quanto à eficácia, optou-se pela tentativa de controle ambulatorial, as quais estão em andamento.
Conclusão
Na literatura observamos que este tema é dado como algo controverso em artigos mais antigos, que utilizavam em suas análises RNM Spin Echo, com cortes de 3,0mm, porém em publicações mais recentes, ao utilizarem RNM 3D FT-CISS, com slices inferiores a 1,0mm, vemos que inicia-se um caminho para chegar a um consenso.
Com este avanço tecnológico na área da imaginologia temos visto diversos autores realizando estudos analíticos com associação estatisticamente significativa entre tais alças vasculares e zumbidos unilaterais. Tal associação intensifica-se ainda mais quando agregamos a este sintoma uma diferença interaural na via óssea maior ou igual a 20dB em uma frequência ou a 10db em duas ou mais.
A extensão da alça vascular dentro do CAI e um padrão audiométrico sensorioneural assimétrico podem ser importantes indícios a considerar. Dada a enorme possibilidade de outras doenças retrococleares, um exame de imagem de qualidade é de vital importância para o diagnóstico diferencial.