Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010
RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)
P-025
TÍTULO: ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO POR ÊMBOLO SÉPTICO PÓS MASTOIDITE EM CRIANÇA
AUTOR(ES): FERNANDO ANTONIO CRUZ , KARINA RINALDO, FABÍOLA PADOVAN, BRUNA BREDER, VIRGÍNIA APARECIDA GEOMETI SERRANO
INSTITUIÇÃO: HOSPITAL INFANTIL CÂNDIDO FONTOURA
Introdução
Mastoidite é uma complicação de otite média aguda ou crônica que raramente pode embolizar. Nestes casos, se o êmbolo atingir o SNC pode levar a um quadro isquêmico, conhecido como Acidente Vascular Encefálico Isquêmico (AVCi)
Caso Clínico
P.H.M.A.S, masculino, 2a 10m, natural e proveniente de SP, mulato, chegou ao Pronto Socorro do HICF com otalgia esquerda há 20 dias, com piora do quadro há cinco dias. Evoluiu com edema retroauricular a esquerda, piora da dor e febre aferida 38,3 C há 4 dias.
Ao exame físico de internação, no pronto atendimento de pediatria do HICF, apresentava hiperemia retro-auricular à esquerda, com protrusão do pavilhão auricular esquerdo sem sinais de flutuação nos tecidos moles A otoscopia mostrava membranas timpânicas íntegras, opacificadas sem abaulamentos .. Apresentava exame neurológico normal. Formulado hipótese diagnóstica de mastoidite aguda.
Foi internado e introduzido ceftriaxone EV , mais corticóide EV. Após 1 dia de tratamento, apesar da melhora dos sinais flogisticos da mastoidite, evoluiu com hemiplegia à direita e paralisia facial central total à direita com desvio de rima para esquerda,em regular estado geral, orientado e consciente. Realizado TC de crânio que evidenciou lesão inflamatória com quebra de barreira e hiperdensidade discreta em região de cápsula interna à esquerda, sem sinais de tromboflebite do seio lateral. A tomografia de mastóide evidenciou velamento de mastóides bilateralmente, mais evidente à esquerda, ausência de otite média crônica por colesteatoma e sem sinais de abcesso cerebral. A RNM de encéfalo mostrou lesão isquêmica aguda na projeção do braço posterior de cápsula interna esquerda com discreta impregnação em sua porção central pelo agente paramagnético, que face a história clínica sugeriu a possibilidade de êmbolo séptico.
Com a suspeita de embolo séptico foi acrescentado vancomicina EV. O tratamento cirúrgico não foi indicado , devido a evolução favorável dos sinais inflamatórios da mastóide, e da ausência de abcesso cerebral ou de tromboflebite do seio sigmóide. A evolução foi ótima, a criança teve alta após 30 dias, com resolução total da paralisia facial central, otoscopia normal bilateralmente, avaliação audiológica normal, tomografia de mastóides de controle sem alterações, RNM de encéfalo com lesão residual, deambulando, com discreto déficit motor em membro superior direito.
DISCUSSÃO
A Incidência de hemiplegia secundária a AVC em crianças varia de 1 a 3 casos por 100.000 ao ano. As causas infecciosas representam pelo menos 1/3 dos casos de AVCi na infância. Mesmo com a antibioticoterapia atual, uma infecção por Pneumococo, pode trazer complicações como mastoidite e AVCi.