Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

P-024

TÍTULO: ACHADOS OTONEUROLÓGICOS EM PACIENTES COM DIAGNÓSTICO DE ALÇA VASCULAR DE VIII PAR CRANIANO NA RESSONÂNCIA MAGNÉTICA

AUTOR(ES): FRANCISCO LUIZ BUSATO GROCOSKE , MARIA THERESA COSTA RAMOS DE OLIVEIRA, RITA DE CASSIA C.G. MENDES, HELOISA NARDI KOERNER, MARCOS MOCELLIN

INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

INTRODUÇÃO: A compressão vascular do VIII par craniano por alças vasculares e o estabelecimento de uma correlação estatisticamente relevante entre a compressão e os sintomas vêm sido estudada por diversos autores. As teorias fisiopatológicas baseiam-se em um tema comum, um vaso redundante aderindo ao nervo causando excitação crônica ectópica, traduzida clinicamente por: zumbido, principalmente pulsátil, hipoacusia, vertigem, audiometria e PEATE alterados. Estas teorias são corroboradas pela melhora clínica com medicação anti-neurálgica e/ou cirurgia de interposição vaso/nervo. Porém esta correlação ainda não foi comprovada estatisticamente, visto que até 1/3 dos indivíduos normais possuem a alça vascular mas não os sintomas, muitos pacientes com as queixas acima não a possuem, e os sintomas não são específicos. Assim, a correlação entre a alça e o quadro clínico continua a ser questionada.

OBJETIVO: Analisar e correlacionar os sinais e sintomas otoneurológicos e os achados audiológicos em indivíduos com alça vascular (AV) de VIII par demonstrado por imagens de ressonância magnética (RM).

METODOLOGIA: Foram analisados 47 pacientes atendidos no ambulatório de Otoneurologia do Hospital de Clínicas da UFPR. Todos os pacientes possuíam exames de RM com imagens compatíveis com AV de VIII par craniano e tinham queixas otoneurológicas. Procedeu-se ao tratamento estatístico dos dados coletados, elaboração de tabelas e gráficos para o estudo de freqüências das variáveis isoladamente, bem como tabelas de dupla entrada para análise de significância da variável “alça vascular” por “zumbido”, “hipoacusia”, “audiometria” e “peate”, utilizando-se os testes de qui-quadrado e Fisher, com nível de significância p<0,05.

RESULTADOS: Os pacientes tinham idade média de 56,1 anos, distribuídos equilibradamente entre os sexos. O zumbido foi o sintoma mais freqüente, em 83% dos pacientes, seguido de hipoacusia (60%) e vertigem (36%). A audiometria apresentava alterações em 89%, o PEATE em 33% e o VENG em 17% dos pacientes. Em relação ao zumbido, 8% dos pacientes tinham tanto sintoma como a AV correspondente à direita, 11% à esquerda e 23% bilateralmente. Não foi encontrada relação estatisticamente significante entre o zumbido e a presença de AV na RM, nem mesmo nos casos de zumbido pulsátil. Já na hipoacusia, 10% dos pacientes tinham queixa e AV do mesmo lado à direita, 2% à esquerda e 19% bilateralmente. Também não foi encontrada relação estatisticamente significante entre hipoacusia e a presença de AV na RM. Somente 36% dos pacientes tinham queixas de vertigem, o principal sintoma descrito nos primeiros estudos e na teoria da compressão vascular do VIII par. Tanto na Audiometria quanto no PEATE não foi encontrada relação estatisticamente significante entre o exame e a presença de AV na RM

CONCLUSÃO: Observamos que tanto no zumbido quanto na hipoacusia não há significância estatística entre o sintoma e à presença de AV na RM. Esta independência manteve-se na análise dos exames audiológicos (Audiometria e PEATE), sugerindo não haver relação direta entre o achado da AV na RM e o quadro clínico otoneurológico.

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