Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

P-020

TÍTULO: ACESSOS CIRÚRGICOS ENDOSCÓPICOS PARA NASOANGIOFIBROMA JUVENIL COM INVASÃO INTRACRANIANA

AUTOR(ES): MARIA DANTAS COSTA LIMA GODOY , MARCO AURÉLIO FORNAZIERI, MIGUEL SOARES TEPEDINO, FÁBIO DE REZENDE PINNA, RICHARD LOUIS VOEGELS

INSTITUIÇÃO: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

INTRODUÇÃO: Nasoangiofibroma juvenil é uma rara neoplasia da rinofaringe, benigna e extremamente vascularizada, acometendo quase exclusivamente adolescentes do sexo masculino. Excisão cirúrgica é considerada o principal tratamento para o angiofibroma juvenil, mesmo com invasão intracraniana. Tradicionalmente, nasoangiofibroma juvenil tem sido abordado via transpalatal, rinotomia lateral, degloving médio-facial, além do acesso combinado. A maioria dos tumores pode ter remoção completa através do acesso endoscópico, cuja principal vantagem consiste na magnificação da imagem cirúrgica do tumor e das estruturas adjacentes. Entretanto, alguns autores afirmam que lesões com significante extensão posterior às lâminas pterigóides são pobres candidatas ao acesso endoscópico. Deste modo, o tratamento de lesões avançadas com invasão intracraniana permanece um grande desafio.

OBJETIVO: Avaliar o acesso cirúrgico endoscópico ou guiado por endoscopia para os casos de nasoangiofibroma juvenil com invasão intracraniana grau IIIA de Radkowski.

METODOLOGIA: Foram avaliados os pacientes portadores de nasoangiofibroma juvenil com extensão intracraniana grau IIIA de Radkowski, com erosão da base do crânio, porém com mínima extensão intracraniana, submetidos a tratamento cirúrgico endoscópico ou complementado por endoscopia, no período de janeiro de 1996 a maio de 2010, no serviço de Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. Foi realizado um estudo exploratório, descritivo, transversal, através de análise dos prontuários, com ênfase nas complicações intra e pós-operatórias, taxa de recrudescência e dificuldades técnicas.

RESULTADOS: Num período de 14 anos, 15 pacientes portadores de nasoangiofibroma com extensão intracraniana (grau IIIA de Radkowski) foram submetidos a procedimento cirúrgico endoscópico, com ou sem complementação por via externa. Apenas três destes pacientes apresentaram complicações pós-operatórias, caracterizadas por trombose do seio cavernoso,  ­­­­­diplopia, lesão da lâmina papirácea, fístula oroantral e ptose palpebral. Quatro pacientes apresentaram recidiva tumoral, variando de dez a 36 meses de pós-operatório. Todos os pacientes foram submetidos a embolização pré-cirúrgica, e apenas um paciente apresentou sangramento excessivo durante o procedimento cirúrgico, com necessidade de interrupção do ato operatório.

CONCLUSÃO: Os resultados sugerem demonstram que a técnica cirúrgica endoscópica, complementada ou não por acesso externo, é viável para a remoção de nasoangiofibromas juvenis com invasão intracraniana. Desta forma, em casos selecionados, esta abordagem cirúrgica pode ser realizada com segurança e eficácia.

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