Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-016

TÍTULO: ABSCESSO PARAFARÍNGEO APÓS EXTRAÇÃO DENTÁRIA

AUTOR(ES): CARLOS EDUARDO MONTEIRO ZAPPELINI, FÁBIO SILVA ALVES, LUCIANA CAMPOY GIRO BASILE, LUANA GONÇALVES DE OLIVEIRA, IVAN DE PICOLI DANTAS, JOSÉ MARIA MORAES DE REZENDE

INSTITUIÇÃO: SANTA CASA DE CAMPINAS

INTRODUÇÃO: As infecções dos espaços cervicais profundos podem ter suas causas no comprometimento dos linfonodos que repousam nesse espaço, por parte de bactérias que infectam primariamente cavidade oral, faringe, nariz e seios paranasais através de disseminação linfática.

Sua ocorrência pode estar associada a significativas taxas de morbi-mortalidade, principalmente devido as suas múltiplas complicações, que incluem obstrução de via aérea, ruptura de abscessos na faringe ou traquéia, empiema, mediastinite, erosão da artéria carótida, tromboflebite da jugular ou trombose do seio cavernoso.

 

APRESENTAÇÃO DO CASO: V. S. S., masculino, 21 anos, branco, solteiro, referiu quadro de odinofagia associada à febre alta persistente, quando, após dois dias, procurou assistência médica. Ao exame, apresentava-se levemente prostrado, com febrícula, trismo, sialorréia, edema à esquerda de regiões cervical anterior, submandibular e pré-auricular, edema de úvula importante e abaulamento tonsilar ipsilateral até linha média. Foi internado para realizar exames complementares. Realizou cirurgia de extração do terceiro molar inferior sete dias antes do começo do quadro que o levou a primeira internação.

Exames na admissão: Hemograma com 10.000 leucócitos e desvio nuclear a esquerda. VSH: 44 mm/h; Proteína C reativa: 18,54 mg/dL; Lactato Desidrogenase: 130 U/L; Antiestreptolisina O: 210 UI/dL. Solicitada tomografia computadorizada, apresentando área obliterando o espaço parafaríngeo esquerdo, com formação de sinal hipodenso em seu interior, compatível com coleção encistada e dimensões de 3,3 x 2,9, x 2,7 cm.

O paciente foi drenado de forma fechada através de orifício formado de forma espontânea, em torno de 150 ml (misturados com saliva). Parte da secreção, devidamente coletada, foi encaminhada para análise. Em 24hs, teve melhora clínica importante e considerável diminuição do abaulamento de loja amigdaleana.

Realizada tomografia computadorizada de controle após 48 horas.

À análise da secreção do abscesso parafaríngeo apresentou presença de Streptococcus viridans, sensível a penicilina, vancomicina e levofloxacino e resistente a clindamicina e eritromicina.

Trocado Clindamicina (D3) por Penicilina Cristalina, na qual permaceu por mais 48 horas até a alta hospitalar, sendo prescrito Amoxicilina com Ácido Clavulânico.

DISCUSSÀO: O foco inicial de infecção é uma não é uma simples faringite Streptococcica, discordando com os mais comuns descritos pelos demais autores, e sim uma complicação de extração dentária.

Apesar de considerada a possibilidade de conduta cirúrgica para o caso, optou-se por eleger a drenagem fechada pelo orifício formado espontaneamente associado à cobertura antibiótica de amplo espectro, devido à boa resposta terapêutica, à ausência de comorbidades e ao bom estado geral da paciente.

CONCLUSÃO: Baseado nos resultados clínicos da literatura, o presente relato sugere que o tratamento cirúrgico odontológico deve ser acompanhado pelo médico especialista em caso de sinais e sintomas incomuns do pós-operatório, podendo sugerir formações de abscessos ou de outras complicações.

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