Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

P-002

TÍTULO: A IMPORTÂNCIA DA REINSERÇÃO SOCIAL NO PROGNÓSTICO DOS PACIENTES SUBMETIDOS À LARINGECTOMIA TOTAL

AUTOR(ES): DOUGLAS HENRIQUE SANTIAGO DE OLIVEIRA , KATYÚCIA EGITO DE ARAÚJO, LORENA SOUSA OLIVEIRA, MÔNICA DANIELLY DE OLIVEIRA CASTELO BRANCO, ADEMAR MARINHO DE BENÉVOLO, VÍVIAN LISBOA DE LUCENA, RENATA DE ANDRADE GUIMARÃES

INSTITUIÇÃO: HOSPITAL NAPOLEÃO LAUREANO / UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA, JOÃO PESSOA-PB.

INTRODUÇÃO: O câncer de laringe é um dos mais freqüentes a atingir a região da cabeça e pescoço, representando cerca de 25% dos tumores malignos que acometem esta área, sendo o tabaco o fator etiológico mais importante. O paciente laringectomizado é, sem dúvida, alguém que sofreu uma mutilação e que, por conta da cirurgia laríngea, deve passar a viver sob o estigma do traqueostoma e sob grande impacto em sua capacidade de comunicar-se por meio da voz. Desta forma, cerca de 50% desta população se retira do convívio social, perdendo também seus empregos. Há uma perda irreversível ou distorção em hábitos básicos, como a fala, a deglutição, o olfato e o paladar. A reabilitação pode ajudar o paciente a alcançar o máximo potencial dentro do contexto de seu meio social, sendo o aprendizado e a adaptação um desafio enfrentado por paciente e médico. A reabilitação da fala pode ser o aspecto mais importante do programa, mas a sua reintegração na família e reinserção profissional não pode ser negligenciada.

OBJETIVO: Analisar a importância da reinserção social na evolução do prognóstico de pacientes submetidos à laringectomia total.

METODOLOGIA: Trata-se de um estudo descritivo quantitativo realizado com treze pacientes submetidos à cirurgia de laringectomia total em hospital de referência no tratamento oncológico no estado da Paraíba. Os pacientes foram entrevistados quanto aos seguintes parâmetros: idade, sexo, repercussão na vida profissional, renda familiar, relacionamento familiar e social, atividade religiosa, mudanças nas atividades e no padrão de lazer e entretenimento, posicionamento frente ao câncer, alterações na aparência e sua repercussão e a fala.

RESULTADOS: O grupo estudado era constituído por treze pacientes, sendo onze do sexo masculino e dois do feminino, com idades variando de 47 a 75 anos. Dentre os que trabalhavam, apenas alguns continuaram em atividade para melhorar a renda familiar. Todos apresentavam o hábito de fumar e ingerir bebidas alcoólicas, com exceção de dois. Em geral, as famílias aceitaram bem a doença e participam junto ao paciente da sua recuperação, apenas em dois casos houve queixas quanto à família. Em relação à vida sexual, alguns casos chamam atenção, pois a limitação se deve à falta de assepsia e fatores psicológicos do paciente e a não aceitação do parceiro. Apenas três pacientes freqüentam grupos religiosos e relatam que a aceitação em tal ambiente foi boa. Quanto ao lazer, cinco pacientes referem ter a mesma atividade de antes do tratamento, enquanto os demais alegam diminuição das atividades. Apenas um paciente referiu não saber sobre câncer e a impressão que a maioria deles tinha frente à doença era que seria uma doença curável. Dez pacientes consideraram a imagem de si mudada. Dentre os pacientes, nove sabiam das alterações corporais, enquanto que os outros quatro esperavam um melhor esclarecimento. A pior alteração para todo o grupo é a perda da voz. Sete pacientes encontraram dificuldades para adaptação à voz esofágica, enquanto os outros não relataram tal dificuldade. Seis pacientes pensaram em desistir do tratamento e quase todos acreditam na cura, só um relatou que não.

CONCLUSÃO: A análise dos dados obtidos na pesquisa revela que a reinserção social do laringectomizado depende não só do RESULTADO cirúrgico, mas também da abordagem antes e depois da cirurgia. Através dos atuais métodos de reabilitação vocal, esclarecimentos sobre o tratamento e da abordagem multidisciplinar, torna-se mais fácil a superação do drama da perda da voz.

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