Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

AO-54

TÍTULO: OPÇÕES TERAPÊUTICAS EM AMBULATÓRIO ESPECIALIZADO EM RONCO E APNÉIA

AUTOR(ES): CAROLINA FERRAZ DE PAULA SOARES , LUCIANA MOREIRA ALMEIDA, RAQUEL CHARTUNI TEIXEIRA, MICHEL BURIHAN CAHALI

INSTITUIÇÃO: HOSPITAL DO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL DE SÃO PAULO

INTRODUÇÃO: A síndrome da apnéia obstrutiva do sono (SAOS) tem o diagnóstico baseado em história clínica, exame físico das vias aéreas superiores e exame polissonográfico.  As opções terapêuticas variam desde mudanças comportamentais, adaptação de aparelho de pressão aérea positiva contínua (CPAP), aparelhos intra-orais (AIO) a procedimentos ambulatoriais em orofaringe e o tratamento cirúrgico. A escolha do tratamento deve ser feita a partir da avaliação médica que considerando a gravidade da doença, os aspectos clínicos e anatômicos.

Nosso departamento de Otorrinolaringologia possui um ambulatório especializado em Ronco e Apnéia, denominado “roncologia”. Neste ambulatório o atendimento é supervisionado por otorrinolaringologistas que atuam na área de medicina do sono; os pacientes atendidos nesse ambulatório podem optar entre as principais modalidades terapêuticas sem custo adicional e disponíveis na própria instituição.

OBJETIVO: descrever perfil clínico dos primeiros 100 atendidos pelo ambulatório de “roncologia”; verificar o tipo de tratamento optado, estabelecendo se há correlação com idade, gravidade e presença de comorbidades.

METODOLOGIA: Foi elaborado um protocolo contendo dados de identificação, questões objetivas da anamnese, dados do exame físico, dados polissonográficos, opções de tratamento e tratamento optado pelo paciente. Os tratamentos propostos para os pacientes consistiram em perda de peso, AIO, CPAP, faringoplastia lateral, injeção roncoplástica, medicação, cirurgia nasal e terapia posicional.

RESULTADOS: A amostra foi composta por 94 pacientes, sendo 56 (59,6%) homens. A média de idade foi 52,3 anos. Em relação às comorbidades, 45,3% dos pacientes eram hipertensos, 11,8% diabéticos e o percentual de tabagistas foi de 15,1%. As médias de IMC  e circuferência cervical foram: 28,87 Kg/m² e 39,59 cm. 6,5% possuíam distorção maxilo-facial visível e 20,7% tinham desvio obstrutivo do septo nasal. A avaliação da orofaringe demonstrou que 7,7% da amostra possuíam amígdalas grau 3 ou 4. Mallampati grau 3 foi observado em 67,4% dos casos. A avaliação da espessura do pilar posterior demonstrou espessamento em 84,4% dos pacientes.  Aproximadamente 95% apresentavam bom espaço retropalatal. Quanto aos dados polissonográficos o IAH médio foi 33,86; a saturação mínima de oxihemoglobina 78,10; as porcentagens médias de sono REM 17,99%; estágios 3 e 4 22,10% e o tempo total de sono médio de 348,30 minutos. Agrupando a amostra quanto a gravidade temos que 51% portam SAOS grave, 19% SAOS leve, 15% SAOS moderada e 15% roncos simples.

As indicações terapêuticas foram: Faringoplastia a 36 pacientes, uso de CPAP a 28, AIO a 16, redução de peso para 16, injeção roncoplástica para 10, terapia posicional a 6, cirurgia nasal a 4 e  medicamento a 3 pacientes. Os principais tratamentos optados foram CPAP (28) e faringoplastia lateral (25), seguidos por AIO(13) e injeção roncoplástica (9). Houve diferença estatística entre os grupos para IAH, microdespertares e comorbidades.

CONCLUSÃO: Maioria dos pacientes apresenta SAOS grave. As condutas terapêuticas mais indicadas foram o uso de CPAP e a faringoplastia lateral, correspondendo ao tratamento de pacientes graves e moderados.  A indicação de AIO e injeção roncoplástica coincide com a menor porcentagem de casos de SAOS leve e roncos. As variáveis que diferiram entre os grupos cirúrgico e clínico foram a gravidade da SAOS, a presença de comorbidades e o índice microdespertares.

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