Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

AO-51

TÍTULO: PERDAS AUDITIVAS E RECUPERAÇÃO DA PARALISIA FACIAL PERIFÉRICA IDIOPÁTICA APÓS A CIRURGIA DE DESCOMPRESSÃO

AUTOR(ES): ALEXANDRE AUGUSTO KROSKINSQUE PALOMBO , ANDRÉ FERNANDO SHIBUKAWA, JOSÉ RICARDO GURGEL TESTA

INSTITUIÇÃO: UNIFESP/EPM

Introdução: A paralisia facial pode ser resultado de uma grande variedade de etiologias, sendo a mais comum a idiopática. O tratamento da paralisia facial aguda pode envolver cirurgia de descompressão do nervo facial em casos de mal prognostico. Qualquer estrutura próxima do trajeto do nervo facial está em risco durante a cirurgia de descompressão do nervo via transmastoidea. Este trabalho irá avaliar a possível perda auditiva após descompressão do nervo facial via transmastoidea e evolução do grau de paralisia nos casos de paralisia idiopática dos últimos 15 anos, operados no serviço.

Metodologia: Selecionou-se prontuários de 33 pacientes do ambulatório do serviço submetidos à descompressão do nervo facial via transmastoidea por paralisia facial periférica aguda idiopática nos últimos 15 anos. Foram comparados o grau da perda auditiva (pela verificação do SRT, perda neurossensorial nas frequências graves e agudas e evolução da paralisia segundo a escala de House-Brackmann pré e pós procedimento.

Resultados: Dezessete prontuários analisados eram de pacientes do gênero masculino (52%) e dezesseis (48%) do gênero feminino com media de idade de 36,8 anos. A perda auditiva neurossensorial foi identificada em 20 pacientes (61%), sendo que a perda auditiva em agudos esteve presente em todos pacientes . O SRT foi mantido em 23 pacientes (70%). No entanto, desses pacientes, dez (43%) apresentaram perda nas frequências agudas. Ao analisar o grau de paralisia, 29 pacientes (88%) apresentavam PFP grau V; 3 pacientes (9%), PFP grau IV e um paciente (3%) apresentava PFP grau VI. Após a cirurgia, 7 pacientes (21%), 19 pacientes (58%) e 7 pacientes (21%) apresentaram respectivamente PFP graus I, II e III.

Discussão: Este trabalho concorda com dados epidemiológicos da literatura sobre a faixa etária, acometendo sobretudo a população economicamente ativa. Embora a literatura apoie a descompressão do nervo para casos severos, a taxa de recuperação ainda continua a ser boa sem intervenção cirúrgica. No entanto, constatou-se que houve uma melhora significativa em todos os pacientes operados. Dessa forma, a indicação cirúrgica deve ser reservada aos pacientes em que houver uma perda da função do nervo maior que 90% em comparação do lado normal. As estruturas mais vulneráveis a serem lesionadas nesse procedimento são os ossículos e o labirinto, seguidos pelo nervo facial. Uma possível hipótese para essa perda auditiva, principalmente nas freqüências agudas, é a transmissão da vibração pelo broqueamento próximo da cadeia ossicular, sobretudo a bigorna, e do labirinto ósseo.

Conclusão: Esse estudo mostrou que uma alta porcentagem de pacientes submetidos à descompressão do nervo facial idiopática apresentou algum grau de perda auditiva após o procedimento. Entretanto, o grau de perda proporcional foi pequena. Dessa forma, sua indicação, riscos e benefícios devem ser esclarecidos aos pacientes através do consentimento informado.

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