Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

AO-36

TÍTULO: IMPACTO DA RINOPLASTIA PRIMARIA NA PATENCIA NASAL

AUTOR(ES): ODAIR APARECIDO ADELINO JÚNIOR , FLÁVIA SILVEIRA, FABIANA CARDOSO PEREIRA VALERA, MARCELO GONÇALVES JUNQUEIRA LEITE, RICARDO MIRANDA LESSA, EDWIN TAMASHIRO, WILMA TEREZINHA ANSELMO-LIMA

INSTITUIÇÃO: HCFMRP - USP

Introdução:

O impacto da rinoplastia na permeabilidade nasal tem sido tema constante de discussão, tanto pela repercussão funcional quanto pelos aspectos legais.

O objetivo do presente estudo é a avaliar de uma forma objetiva, através da rinometria acústica, possíveis mudanças na patência nasal após a cirurgia de rinoplastia e caracterizá-las quanto à intensidade e à localização.

 

Materiais e métodos:

Foram incluídos 44  pacientes entre 18 e 60 anos, do ambulatório de Otorrinolaringologia e que tinham obtido indicação cirúrgica de rinoplastia, com abordagem de ponta e dorso no mesmo tempo cirúrgico. Os pacientes selecionados foram submetidos ao exame de rinometria acústica antes e seis meses após a cirurgia, em ambas. As seguintes medidas foram feitas em cada avaliação:

- MCA1: área de secção transversal mínima da narina de 0 a 22mm, correspondendo à válvula nasal interna;

- Dist1: distância da ponta nasal até MCA1;

-MCA2: área de secção transversal mínima da narina de 22 a 54mm, correspondendo à área da cabeça da concha inferior;

- Dist 2: distância da ponta nasal até MCA2;

- Vol 0-3: volume nos primeiros 3 cm de cada narina

- Vol 0-3 total: volume nos primeiros 3 cm nas duas narinas em conjunto

 Neste estudo, foi utilizado o teste paramétrico t de Student pareado, considerando-se significativa p<0,05.

 

Resultados:

Foram avaliados 44 pacientes, sendo 38 do sexo feminino e 6 do masculino; a idade média foi de 36±9 anos.

Em relação à válvula nasal, a rinoplastia não influenciou na distância da ponta à ela  para nenhum dos lados. Não houve alteração significativa na área da válvula nasal para o lado direito, porém houve uma diminuição significativa desta área no lado esquerdo .

Já em relação à cabeça da concha inferior, houve uma diminuição significativa da sua distância à ponta nasal para os dois lados após a cirurgia. No entanto, não observamos diferença entre as áreas de constrição máximas referentes a MCA 2 em nenhum dos lados entre os dois momentos.

Para melhor avaliar o efeito da rinoplastia sobre o volume nasal, inserimos a medida de Vol 0-3, sendo o volume calculado nos primeiros 3 centímetros de distância para cada narina e em seguida, calculado a somatória das duas narinas. Observamos uma diminuição significativa do Vol 0-3 tanto para a narina direita           quanto para a esquerda. Esta diminuição também foi significativa quando somamos os dois lados, demonstrando que a rinoplastia diminuiu significativamente o volume nasal total nos 3 primeiros centímetros, para as duas narinas.

 

Discussão:

O presente estudo avaliou pacientes que foram submetidos apenas à rinoplastia estética. Nossos resultados demostraram uma discreta redução de MCA1, área na região da válvula nasal interna, embora não tenha havido alterações na distância entre a válvula e a ponta nasal.

Já em relação à cabeça da concha inferior, não observamos mudança em relação à área MCA 2, mas a sua distância até a ponta nasal teve uma redução bastante significativa. Nossa expectativa era que houvesse uma diminuição na área MCA 2 e manutenção da sua distancia até a ponta nasal ( D2), porém o resultado pode ser explicado por uma provável rotação anterior da cabeça da concha inferior após as osteotomias, com manutenção com manutenção da área local.

 

Conclusão:

A rinoplastia promove uma redução na área transversal ao nível da válvula nasal interna em sua porção proximal (MCA1) e aproxima a cabeça da concha inferior da ponta nasal (D2), promovendo, consequentemente, redução do volume nasal (Vol 0-3) nos três primeiros centímetros nasais.

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