Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

AO-17

TÍTULO: AVALIAÇÃO DOS FATORES RELACIONADOS AO INCÔMODO DO ZUMBIDO

AUTOR(ES): JOÃO PAULO PERAL VALENTE , LAÍZA ARAÚJO MOHANA PINHEIRO, RAQUEL MEZZALIRA, GUITA STOLER

INSTITUIÇÃO: UNICAMP

INTRODUÇÃO: O. zumbido é uma desordem misteriosa e complexa da audição. A palavra “tinnitus” é originada do latim “tinnire” que significa “tocar”. Na sua forma mais comum, o zumbido se apresenta  como uma sensação fantasma  não associada a um estímulo físico originado do conduto auditivo externo. Uma importante variável é a diferença individual da percepção do zumbido. Na literatura, várias variáveis possivelmente relacionadas ao incômodo causado pelo zumbido já foram testadas, como faixa etária, sexo, presença de sintomas vestibulares associados e perda auditiva. Na gênese do zumbido, é consenso que a perda auditiva atua como um dos principais gatilhos no início do quadro. Entretanto, a relação com o incômodo relacionado ao zumbido ainda  é controverso.

OBJETIVO: O principal objetivo do nosso trabalho foi avaliar a correlação do grau de incômodo causado pelo zumbido e a presença de perda auditiva. Além disso, foram avaliados dados como idade, sexo e presença de sintomas clínicos associados.

METODOLOGIA: Foi realizado um estudo retrospectivo com análise dos prontuários médicos de pacientes atendidos no ambulatório de Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas. Todos foram avaliados pelo mesmo protocolo de pacientes com zumbido utilizado no serviço, de onde foram selecionados dados epidemiológicos  e clínicos. Audiometria tonal foi realizada em todos os pacientes, e então estes formam divididos em 3 grupos: Grupo 1 (audiometria normal), Grupo 2 (perda auditiva em altas freqüências) e Grupo 3 (perda auditiva que não se enquadra no grupo 2).

RESULTADOS: Dos 107 pacientes, 21,5% pertenciam ao Grupo 1 (audiometria normal), 35,5% ao Grupo 2 (disacusia em altas freqüências) e 43% ao Grupo 3 (disacusia que não se enquadra no grupo 2). Em relação à idade, 53% dos pacientes tinham entre 45 e 65 anos. No grupo 1, 48% dos pacientes tinham menos que 45 anos. No grupo 3, 32% pacientes estavam na faixa etária acima dos 65 anos. Em relação ao sexo, 72% dos pacientes eram mulheres, com distribuição semelhante nos 3 grupos estudados. Utilizando-se a Escala Analógica Visual (EAV) para mensuração do grau de incômodo do zumbido, observou-se que 48% pacientes do grupo 1 classificaram seu zumbido como severo. Nos grupos 2 e 3, observou-se 27 e 30%, respectivamente. Apenas 3% do total de pacientes classificaram o zumbido como leve.

CONCLUSÃO: Neste estudo, foi possível concluir que o grau de incômodo do zumbido, utilizando-se a escala analógica visual, foi maior nos pacientes sem perda auditiva e no sexo feminino. Tontura, cervicalgia, cefaléia e abuso de cafeína são queixas prevalentes em pacientes com zumbido.

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