Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO EXPERIMENTAL

AO-08

TÍTULO: ANÁLISE HISTOLÓGICA DA INJEÇÃO DE LÁTEX E HIDROXIAPATITA EM PREGAS VOCAIS - ESTUDO EXPERIMENTAL EM CÃES

AUTOR(ES): DANIEL SALGADO KUPPER , MARIA CÉLIA JAMUR, CONSTANCE OLIVER, FABIANA CARDOSO PEREIRA VALERA, WILMA TEREZINHA ANSELMO-LIMA, JOSÉ ANTONIO APPARECIDO DE OLIVEIRA

INSTITUIÇÃO: HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE RIBEIRÃO PRETO - FMRP - USP

INTRODUÇÃO: Insuficiência glótica pode ser definida como a perda de coaptação adequada entre as pregas vocais. Disfonia e aspiração de líquidos e sólidos são os sintomas mais comuns. Existem dois tipos de cirurgia para correção de insuficiência glótica: tireoplastia e injeção de substâncias. Esta última técnica tem-se mostrado mais fácil de executar, com menor custo e menor taxa de morbidade.  Porém, a substância ideal para realizar o procedimento ainda é desconhecida. Vários materiais foram tentados ao longo do último século, sem sucesso, havendo absorção, formação de granulomas de corpo estranho ou migração da substância injetada. A hidroxiapatita é o principal componente de ossos e dentes, e já vem sendo utilizada na área da saúde, para reparação de defeitos ósseos ou odontológicos, com boa aceitação, e sem descrição de toxicidade, reação de corpo estranho ou absorção. O látex é a substância natural da árvore Hevea brasiliensis e tem mostrado boa biocompatibilidade com tecido animal em vários experimentos já realizados, como: timpanoplastias, reparação de esôfagos em cães, próteses vasculares e encapsulamento de ilhotas de Langerhans submetidas a transplante.

OBJETIVO: O objetivo deste estudo é avaliar histologicamente as conseqüências da injeção de hidroxiapatita e látex em pregas vocais caninas, previamente paralisadas, avaliando a resposta inflamatória obtida, migração tecidual e viabilidade do implante.

MATERIAIS E MÉTODOS: Vinte e um cachorros foram divididos em sete grupos de três animais cada: Grupo 1A: injeção de látex e sacrifício em 24 horas. Grupo 1B: Injeção de látex e sacrifício em 14 dias. Grupo 1C: Injeção de látex e sacrifício em 180 dias. Grupo 2A: Injeção de Hidroxiapatita e sacrifício em 24 horas. Grupo 2B: Injeção de Hidroxiapatita e sacrifício em 14 dias. Grupo 2C: Injeção de hidroxiapatita e sacrifício em 180 dias.Um outro grupo com 3 cães serviu de controle e foi sacrificado em 24 horas, 14 e 180 dias. O pó de cimento de HÁ foi dissolvido em solução salina e injetado. O látex foi obtido diretamente da árvore Hevea brasiliensis,filtrado,esterilizado e então injetado na prega vocal previamente paralisada. O local da injeção foi o mesmo para as duas substâncias, no 1/3 posterior da prega vocal, diretamente no músculo tireoaritenoideo, lateralmente ao processo vocal.

RESULTADOS: A injeção de látex ocasionou intenso infiltrado inflamatório em 24 horas e em 14 dias; histologicamente, foi observada disseminação da substância ao longo das fibras musculares e tecidos cervicais. Em 6 meses a inflamação declinou, porém não havia sinais do látex injetado, que foi reabsorvido. A hidroxiapatita levou à inflamação intensa em 24 horas que declinou para grau moderado em 14 dias e discreta em 6 meses. Não houve sinais de reabsorção importante do enxerto e sua posição de injeção foi mantida, não induzindo reação de corpo estranho ou disseminação tecidual.

CONCLUSÃO: O látex não preenche os critérios para substância a ser injetada, devido à disseminação tecidual. A hidroxiapatita manteve o sítio de injeção, não migrou pelos tecidos cervicais e mostrou boa viabilidade, sem reação de corpo estranho, o que a torna candidata à substância ideal.

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