Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO EXPERIMENTAL

AO-06

TÍTULO: ADAPTAÇÕES POSTURAIS POR ESTIMULAÇÃO VISUAL EM AMBIENTE DE REALIDADE VIRTUAL

AUTOR(ES): LEONEL ALMEIDA LUÍS, TERESA BENZINHO, NIDIA FERREIRA, FERNANDO VAZ GARCIA

INSTITUIÇÃO: DEPARTAMENTO DE OTONEUROLOGIA – CLÍNICA EUROPA, LISBOA, PORTUGAL

INTRODUÇÃO: A postura é mantida através do controlo dinâmico do sistema músculo-esquelético pelo sistema nervoso central. A perceção postural é multissensorial, dependendo da integração dos inputs visuais, auditivas e somato-sensoriais num modelo percetual unificado. O modo como estas aferências sensoriais interagem, competindo ou facilitando determinada resposta, bem como a capacidade que temos de intervir neste processo, principalmente em situações de conflito sensorial, são as bases da avaliação do risco de queda por posturografia, bem como da reabilitação postural.

OBJETIVO: Avaliar as alterações posturais que ocorrem sob estimulação visual sacádica, optocinética e sob interacção visuo-vestibular em ambiente de realidade virtual.

METODOLOGIA: 52 indivíduos, 22 doentes e 30 saudáveis foram estudados com duas plataformas de posturografia: a Basic Balance MasterR e a  Balance Rehabilitation UnitTM (BRUTM). Ambas as plataformas forneceram valores de limites de estabilidade, centro de pressão e  velocidade de oscilação tendo os resultados sido comparados. O teste sensorial da BRUTM forneceu ainda dados sob estimulação visual, foveal e retiniana, e sob interacção visuo-vestibular (estímulos foveais associados a movimentos lentos de rotação e flexão-hiperextensão da cabeça). Os estímulos visuais foram apresentados em óculos de realidade virtual, na obscuridade. A 19 dos voluntários foi ainda pesquisada a velocidade de oscilação postural na Basic Balance MasterÒ sob interacção visuo-vestibular utilizando cenários de realidade virtual fornecidos pela BRUTM.

RESULTADOS: Os valores de velocidade de oscilação na condição olhos abertos e olhos fechados em superfície firme e olhos fechados em superfície de espuma de ambas as plataformas estão correlacionados.

Em concordância com outros estudos, os estímulos optocinéticos aumentaram a área de oscilação especialmente se verticais e de baixo para cima. De igual modo, os movimentos sacádicos, tanto horizontais como verticais não causaram alterações significantes no controlo postural. A área e velocidade de oscilação postural aumentaram em ambiente de realidade virtual na maioria dos indivíduos(>80%), tendo, nomeadamente, o índice de Romberg para a área em ambiente de realidade virtual no plano horizontal sido duas vezes maior do que na condição olhos fechados em ambos os grupos (doentes e voluntários).

CONCLUSÃO: No nosso departamento a avaliação postural é realizada com a Basic Balance MasterR, sendo a BRUTM utilizada para reabilitação vestibular. A comparação entre as variáveis comuns a ambas as plataformas apresentaram forte correlação pelo que nos parece possível a utilização da BRUTM como plataforma de avaliação postural.

O facto de os estímulos sacádicos terem sido apresentados em óculos de realidade virtual e não terem afectado o controlo postural reforça o papel propiocetivo da musculatura extraocular.

Concluímos também que modificação e perda da aferência visual são diferentes, podendo o índice de Romberg para a área em ambiente de realidade virtual ser um bom indicador de dependência visual.

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