Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

AO-03

TÍTULO: ABORDAGEM TRANSLABIRÍNTICA ALARGADA COM EXTENSÃO TRANSAPICAL NO TRATAMENTO DO SCHWANNOMA VESTIBULAR GIGANTE

AUTOR(ES): ROBERTO DIHL ANGELI , ENRICO PICCIRILLO, ABDELKADER TAIBAH, GIULIANO SEQUINO, GIUSEPPE DI TRAPANI, MARIO SANNA

INSTITUIÇÃO: GRUPPO OTOLOGICO - PIACENZA E ROMA (ITÁLIA)

Introdução: A abordagem translabiríntica (ATL) ao ângulo pontocerebelar foi considerada, durante anos, um acesso inadequado para a remoção de tumores de grandes dimensões, pois não permitia a exposição adequada daquela região. Algumas adaptações foram introduzidas ao método original com o propósito de ampliar o campo operatório. A mais importante destas foi a ATL alargada (ATL-A), caracterizada por uma extensa mastoidectomia, expondo a dura mater das fossas média e posterior, o seio sigmóide e o bulbo jugular. Com isto, o conduto auditivo interno (CAI) é exposto por 270 graus na sua circunferência. A extensão transapical foi outra adaptação recentemente introduzida, caracterizada por um aumento na quantidade de remoção óssea ao redor do CAI entre 300 e 360 graus.

Objetivos: Descrever e analisar os resultados obtidos em uma série de pacientes com Schwannoma Vestibular (SV) unilaterais, gigantes (com diâmetro extrameatal maior que 40 mm) e submetidos à ressecção através da ATL-A associada a outras adaptações da técnica original, principalmente a extensão transapical.

Metodologia: Em um universo de 2133 pacientes operados entre 1987 e 2009 nesta Instituição, foram identificados 110 casos de SV maiores que 40 mm. Estes pacientes tiveram seus prontuários revisados. Os desfechos analisados incluíram: extensão da remoção (total ou parcial), integridade anatômica do nervo facial (NF) durante a cirurgia, presença de doença residual ou recorrente, função do NF após 1 ano de seguimento e complicações pós-operatórias.

Resultados: Todos os pacientes foram operados pela ATL-A. Em 99 casos foi empregada também a extensão transapical. Nos demais pacientes, foram empregadas técnicas transcocleares. Remoção completa do tumor foi obtida em 91.8% dos casos, sendo alcançada em 2 tempos em 5 pacientes. O NF foi preservado anatomicamente em 76.4% dos casos. Em 7 pacientes foi realizada a reconstrução intraoperatória do NF com enxerto do nervo sural. Após 1 ano de seguimento, em 75% dos casos a atividade do NF foi classificada como House-Brackmann I a III. Não houve óbitos nesta série. Complicações neurovasculares maiores ocorreram em 2 pacientes. Dois 2 pacientes apresentaram liquorreia pós-operatória, necessitando revisão cirúrgica. Ataxia cerebelar pós-operatória transitória foi observada em 3 pacientes.

Conclusões: Os resultados demonstram que a ATL-A com extensão transapical é o método de eleição para a remoção de SV gigantes, estando associada a uma alta taxa de ressecção completa, possibilidade de reconstrução intraoperatória do nervo facial e uma incidência muito baixa de complicações. As adaptações descritas têm permitido o controle completo e seguro de tumores de qualquer dimensão.

Fechar