Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

AO-02

TÍTULO: ABORDAGEM ENDOSCÓPICA NASAL PARA TRATAMENTO DE FÍSTULA LIQUÓRICA RINOGÊNICA: REVISÃO DE 17 CASOS

AUTOR(ES): MARCOS JULLIAN BARRETO MARTINS , MOISÉS XIMENES FEIJÃO, ÉRIKA FERREIRA GOMES, JACKSON GONDIM, CAROLINA VERAS AGUIAR, JOÃO PAULO SARAIVA ABREU, ISABELLE OLIVEIRA JATAÍ

INSTITUIÇÃO: HOSPITAL GERAL DE FORTALEZA

INTRODUÇÃO: Fístula liquórica rinogênica é uma comunicação do espaço subaracnóideo com a cavidade nasal ou seios paranasais. Pode apresentar diversos sintomas ou sinais sendo o mais comum a rinorréia, estando associada a um risco de 10% ao ano do surgimento de meningites. Pode ser classificada quanto à etiologia, sítio anatômico e nível de pressão intracraniana. O termo espontâneo implica que a fístula surgiu sem a presença de um evento desencadeante. Já a adquirida remete a inúmeras causas como trauma, cirurgias, tumores e malformações da base do crânio (mielomeningocele).    Hoje, as causas pós-cirúrgicas são a principal etiologia. A abordagem endoscópica vem ganhando destaque por evitar as morbidades tradicionalmente associadas às abordagens por craniotomia frontal, como anosmia, hemorragia intracraniana, edema cerebral e convulsões.

OBJETIVO: Avaliar o perfil clínico-epidemiológico e o tratamento por via endoscópica nasal dos pacientes com fístula liquórica do serviço de otorrinolaringologia de um hospital terciário de ensino.

MATERIAL E MÉTODOS: Estudo retrospectivo por revisão de casos de pacientes submetidos à correção endoscópica de fístula liquórica rinogênica em um serviço de ORL de um hospital público terciário de ensino de Fortaleza de 1995 e 2010. Foram avaliados perfil epidemiológico, aspectos clínicos, técnica cirúrgica, complicações intra e pós-operatórias e seguimento ambulatorial pós-cirúrgico.

RESULTADOS: A principal causa de fístula liquórica rinogênica observada no estudo foi a de etiologia traumática (12 pacientes ou 67%), sendo que destas 9 (50%) foram de causa cirúrgica, enquanto apenas 3 (17%) foram resultantes de trauma crânio encefálico (TCE). As fístulas espontâneas contribuíram com 33% (6 pacientes) das causas. Destas, observamos obesidade grau I em 2 pacientes e grau III em outros dois. O local de maior acometimento das fístulas foi o seio esfenoidal perfazendo 10 pacientes (56%), seguido pelo seio etmoidal com 4 (22%), lâmina cribiforme com 3 (16%), e combinados seio esfenoidal e lâmina cribiforme em 1 caso (6%). Apenas 1 paciente apresentou sangramento pós-operatório, associado a edema palpebral à esquerda, como complicação pós-cirúrgica. Como complicações tardias pós-operatórias, apenas 2 (11%) pacientes evoluíram com sinéquias. Dos 18 pacientes operados, houve 2 casos de recidiva. 

DISCUSSÃO: Contradizendo o que se observa na literatura, predominaram no estudo as fístulas de origem traumática pós-cirúrgica, ao passo que o TCE, comumente a causa mais prevalente, contribuiu apenas com 17% dos casos. Tal achado poderia ser atribuível ao fato de o Hospital no qual foi realizado o estudo não ser de referência em trauma, mas considerado hospital de ensino. A associação observada no estudo entre fístula espontânea e obesidade é bem documentada na literatura.  Em relação à localização da fístula, predominou o seio esfenoidal, em virtude da maioria dos casos ocorrer pós – ressecção de adenoma hipofisário. As complicações pós-operatórias, dois casos de sinéquia e um de sangramento, pareceram independer da técnica ou tipo de material utilizado, estando associadas a condições de seguimento pós-operatório, que incluíam cooperação e situação socioeconômica do paciente. 

CONCLUSÃO: A via endoscópica transnasal vem sendo a principal opção terapêutica para correção de fístulas liquóricas rinogênicas por ser uma técnica minimamente invasiva com baixa morbidade e apresentar boa efetividade.

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